Reflexões sobre a produção do site de autoaprendizagem


Link do texto dissertativo, abordando minha experiência de elaboração do site pedagógico de autoaprendizagem, durante o Curso de Especialização em Arte/Educação Intermidiática. 


Texto dissertativo, abordando minha experiência de elaboração do site pedagógico de autoaprendizagem, durante o Curso de Especialização em Arte/Educação Intermidiática


Nesse projeto, buscou-se investigar o processo de ensino-aprendizagem com o intuito de contribuir para o avanço no que se refere às práticas de leitura, compreensão, fala e escrita. Bem como verificar, por meio da aplicação de uma sequência didática, a maneira como os estudantes podem aprimorar ou não essas habilidades. Além de contribuir para que o professor reflita sobre seu fazer pedagógico, e desenvolva uma visão do potencial transformador de seu trabalho. Por meio deste trabalho, o professor poderá se capacitar para analisar criticamente os variados discursos presentes em diferentes gêneros discursivos, de modo a facilitar seu trabalho de ajudar alunos da periferia a melhor compreender textos e ter acesso a variantes linguísticas diferentes. O projeto objetiva assim, promover a formação de sujeitos críticos e autônomos por meio da leitura de imagens, da contextualização e da prática artística (o fazer), através de conteúdos diversificados sobre a minha bandeira "Arte/Educação para a formação de sujeitos críticos e autônomos". 

O interesse em estudar esses aspectos iniciou-se ao longo da realização do estágio durante a graduação e da prática docente. Assim, foi possível observar de forma pragmática, o processo de ensino-aprendizagem de estudantes e a árdua tarefa de fazê-los se interessarem pela leitura, pela fala e pela escrita. Rapidamente ficou visível a rejeição das atividades advindas do livro didático, ou por serem muito facilitadoras e enfadonhas ou por não fazerem sentido com a realidade concreta dos estudantes. Por outro lado, o interesse e motivação dos discentes era instigada quando o professor apresentava um texto diferente dos escolares, ou seja, que abordavam questões sociais, sem a conotação e exigência do formato tradicional da redação. Diante dessa realidade, ao observar os PCNs do Ensino Fundamental (1997, p. 5) é possível verificar que entre os objetivos do Ensino Fundamental, os alunos devem ser capazes de:


• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

• utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação.


Diante desse contexto, a realidade do ensino público se mostra preocupante e esse trabalho busca contribuir para aprofundar o debate educacional envolvendo professores, alunos e a escola. Nesse sentido, o que se defende é a necessidade de pesquisas na área da educação que culmine em materiais que possibilitem a reflexão e enriqueça a prática docente. Sabe-se que o Ensino Fundamental é uma etapa importante na aquisição de conhecimentos de Língua Portuguesa e na descoberta de sentidos. Desse modo, o projeto tem por intuito, potencializar as práticas de leitura, compreensão, fala e o desenvolvimento da consciência crítica. Para isso, se faz necessário, realizar um trabalho com textos de circulação social, entre eles (vídeos, imagens, charges, tirinhas, jornais ou artigos de opinião). Recursos importantes, que busca levar a professora a refletir sobre a própria atuação escolar e seu papel no desenvolvimento dos alunos. O projeto pode ser desenvolvido em turmas do Ensino Fundamental (doravante EF). Dessa forma, um dos caminhos que contribuiu para alcançar esse objetivo perpassa o ensino de Língua Portuguesa (LP) importante para que o estudante aprimore sua autonomia intelectual e desenvolva bem as habilidades de leitura, compreensão, fala e escrita. Para que assim, possa desenvolver seu potencial crítico diante do seu enfrentamento social.

Nessa perspectiva, Freire (1996) apresenta a importância do diálogo no processo de comunicação. Para ele, o uso da linguagem é o núcleo desta Pedagogia, por se constituir na palavra, processo fundamental para a consciência de mundo e de si mesmo como ser inacabado. Nessa direção, insiste na necessidade do educador desenvolver o senso crítico dos educandos, bem como, possibilitar que os estudantes percebam que ensinar não é apenas transferir conteúdos. Assim para Freire,


o educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se "aproximar" dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada a ver com o discurso "bancário" meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no "tratamento" do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível (FREIRE, 1996, p. 13).


Nessa mesma perspectiva, este trabalho parte da noção de texto como lugar de constituição e de interação de sujeitos sociais, conforme afirma Bentes e Rezende (2008), desse modo, é considerado significativo tudo que compõe o campo discursivo em suas várias manifestações do uso da linguagem. Portanto, para Freire (1987) é preciso compreender a educação como um ato de intervenção no mundo, em outras palavras, a educação é um direito de todos. No entanto, é possível verificar por meio de certas situações na prática que esse direito não vem sendo garantido, pois a educação se constitui como objeto de consciência dominadora. De acordo com o ele, em todas as épocas da humanidade o pensamento dominante é o pensamento das classes governantes. A escola por sua vez, sustenta esta forma de pensamento, por meio do Estado que produz e reproduz um currículo escolar que perpetua suas ideologias.

Desse modo, o autor revela a dificuldade dos oprimidos de acessarem um ensino formador, bem como, a cultura e o seu meio, por isso, busco propor algo que fomente o "pensar autêntico" como o acesso a textos diversificados de circulação social, para incentivar momentos de discussão e interação nas salas de aula. Freire (1987), como formador humanístico, pensa a educação como prática libertadora. Para ele, diferente da educação bancária o ensino deve partir de palavras geradoras, do universo do alfabetizando, para que ele possa objetivar o mundo e identificar-se como sujeito, por isso a importância de se trabalhar com gêneros discursivos.

Paulo Freire (1987) não tem por intuito se impor contra a classe dominante ou a qualquer outra instância, mas, resgatar a humanidade desta classe. Desse modo, sugere o rompimento da desigualdade social existente, por meio de uma visão libertadora e da conscientização da classe dominada. Sem dúvida, para o autor, a transformação da sociedade ocorrerá por meio da comunicação e das ações conjuntas dos oprimidos. Isto por que, "ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão" (FREIRE, 1987, p. 52).

Neste sentido, ao pensar o processo de transformação da sociedade, Paulo Freire evidencia que a problemática é os homens, a humanização e a desumanização. Dessa forma, se mostra relevante o domínio da língua materna pelos sujeitos, a fim de instrumentalizá-los para o enfrentamento social. Sabe-se que o domínio da Língua Portuguesa na variedade dita padrão, restringe-se em geral a camadas elitizadas e que a maior parte dos alunos das escolas públicas, é advinda das camadas populares, portanto, com pouco acesso a norma padrão. Assim, o contato com a língua, desses alunos de escola pública, se dá por meio de uma cultura essencialmente oral, sendo que apenas na escola é possível ter contato com a variedade formal. Por essa razão, torna-se relevante a ampliação do acesso a outras variantes linguísticas.

Como professora, venho demonstrar esse processo no meu ato pedagógico criador e no meu ato pedagógico formador. Dessa forma, o presente projeto, foi desenvolvido para compartilhar ações pedagógicas, através de conteúdos diversificados sobre a minha bandeira "Arte/Educação para a formação de sujeitos críticos e autônomos", por meio da reflexão e da criticidade construída através da leitura de imagens, contextualização e da prática pedagógica.



Referências:

BENTES, Anna Cristina & REZENDE, Renato Cabral. Texto: conceitos, questões e fronteiras [con]textuais. In ____BENTES, Anna Cristina & SIGNORINI, Inês (org.). [Re]discutir texto, gênero e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. B823p Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa - Brasília: 144p. (1997).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

FREIRE, P. Ensinar exige rigorosidade metódica; ensinar exige pesquisa. In.: FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 12 ed.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p. 28-3.

GIROUX, H.A. Professores como intelectuais transformadores. In.: Os professores como intelectuais transformadores: rumo a uma pedagogia da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1997, p. 157-164.


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